quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Estragos causados pelas chuvas poderiam ter sido maiores em Queimados

Texto: Felipe Carvalho / Fotos: Luiz Ambrósio
A troca de moradia pode ser um problema para a maioria das pessoas, mas para cerca de 110 famílias que viviam às margens do Rio Abel em Queimados, foi uma solução. Isso porque através de uma operação realizada pela Prefeitura no mês de maio de 2013, os ribeirinhos deixaram de viver em condições insalubres para morar em uma residência digna através do aluguel social financiado pelo governo municipal. No segundo semestre de 2014, as famílias serão encaminhadas para as unidades habitacionais do Bairro Jardim da Fonte, cujos apartamentos contam com dois quartos, sala, cozinha e até área de serviço. A obra de canalização do Rio Abel evitou que o estrago causado pelas chuvas fosse ainda maior na cidade e graças a ação de reassentamento, as famílias não perderam bens e nem vidas, por conta das estruturas precárias que apresentavam as casas que foram demolidas.

As obras do Rio Abel custaram R$ 36,2 milhões, e o investimento incluiu ainda revitalização e arborização das margens, instalação de ciclovia, pista de corrida e pontes de acesso. Além do Centro, o Rio Abel corta sete bairros na cidade: São Roque, Vila Pacaembu, Santa Eugênia, Valdariosa, São Miguel, Eldorado e Vila Coimbra. Ao todo, seis pontes foram construídas com o objetivo de facilitar o trânsito de pedestres e de veículos entre os bairros. O Rio Abel, que é uma das principais saídas da rede de esgoto de milhares de casas da cidade, deságua no Rio Camorim. A canalização consistiu na limpeza dos trechos de erosão e colocação de muros de gabião, que são contenções feitas com pedras envolvidas por gaiolas de metal e na concretagem de uma extensão de 1.800 m das encostas do rio e a construção de uma ciclovia de 2,4 quilômetros.

De acordo com o Prefeito Max Lemos, o Rio Abel foi alargado como forma de prevenção ao risco de enchentes. “A intervenção trouxe melhoria na vazão das águas fluviais e as ações preventivas foram primordiais para evitar alagamentos e futuros problemas com enchentes. Se não tivéssemos iniciado as obras de canalização do Rio Abel, a chuva que assolou a cidade poderia ter causado um estrago ainda maior, a começar pela população ribeirinha que teria suas residências atingidas. Antes de canalizar o Rio Abel, realizamos a dragagem dele e retiramos uma incrível quantidade de lixo. Até sofá encontramos. Pedimos à população que nos ajude nesta empreitada de manter os nossos rios limpos, porque isso é fundamental para reduzirmos as chances de novas enchentes”, destacou Max.

Maria Regina de Oliveira, 61, morava há 30 anos na beira do Rio Abel em uma casa pequena, que aglomerava toda a família: filhos, netos e sobrinhos, totalizando 20 pessoas. Ela conta que quando chovia forte sempre entrava água na sua antiga residência. “Sabíamos que seria difícil, abandonar um lar, onde vivíamos há anos. Mas ao mesmo tempo, entendemos que nossas condições eram precárias, dormíamos todos espremidos. Sempre quando chovia nossa casa era afetada e ficávamos com medo de acontecer o pior. Se nós estivéssemos dentro da antiga casa, penso que poderíamos não só ter perdido bens, mas principalmente vidas, porque a construção precária não iria resistir a maior chuva da história da cidade. Graças a Deus fomos encaminhados para o aluguel social antes de a tragédia acontecer” afirmou Maria Regina.

Engenheiro confirma: “Se não fosse a obra, centro da cidade ficaria inundado”

Segundo o engenheiro civil responsável pela obra, Saulo Rahal, o trabalho de canalização do Rio Abel foi fundamental para evitar a inundação da região central do município. “A partir do momento que fizemos as contenções laterais e redimensionamos o canal, permitimos o escoamento de uma vazão maior de água, possibilitando a redução de novas enchentes a montante do canal. Paralelamente a isso, colocamos muros de gabiões dentro do canal com cinco metros de altura e uma largura de 11 metros, possibilitando o escoamento da água da região central da cidade. O Canal tinha em média antes da realização da obra, quatro metros de largura. Aumentamos em 7 metros. Se não tivesse essa obra, a região central da cidade ficaria embaixo d’ água. Vale lembrar que choveu 113 milímetros em quatro horas, o equivalente a quantidade de água de todo mês de janeiro de 2012”, recordou o engenheiro.


Outros rios do município serão desassoreados


O governo federal liberou, para o Estado do Rio de Janeiro, R$ 10 milhões que serão aplicados em ações emergenciais nos nove municípios da Baixada Fluminense fortemente atingidos pelas chuvas na semana passada. O anúncio foi feito pelo vice-governador e coordenador de Infraestrutura do Estado, Luiz Fernando Pezão, depois da reunião realizada na última terça-feira, 17, em Brasília, com os ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, do Planejamento, Miriam Belchior, e da Integração Nacional, Francisco Teixeira, além do secretário nacional da Defesa Civil, general Adriano Pereira Júnior. Em Queimados, a verba que será repassada pelo Ministério da Integração nacional será utilizada para o desassoreamento dos rios Queimados, Poços e Abel com o objetivo de evitar o acúmulo de entulhos dos leitos dos rios dando um fluxo livre às águas.

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