terça-feira, 23 de maio de 2017

Queimados vai estimular ensino da cultura afro-brasileira nas escolas


Professores da rede pública municipal participam de oficinas de capacitação das leis federais que determinam a aplicação da história do povo africano na grade curricular

Fotos: Luiz Ambrosio

Dine Estela: Que país seria o Brasil sem o legado da cultura africana e seus costumes e tradições como a capoeira e o samba, por exemplo? Pensando nisso, as escolas públicas municipais de Queimados já apresentam a educação para as relações étnico-raciais como temática obrigatória no currículo escolar. Com o objetivo de garantir a memória e a cultura, não somente dos povos indígenas e africanos, mas também dos próprios brasileiros, foi promulgada a lei 10.639/03, substituída pela 11645/08, que determina a aplicação da matéria sobre a História do Povo Africano, seus costumes e todo o seu contexto, bem como a história de povo indígena nas escolas brasileiras.

Em Queimados, o trabalho de conscientização começou primeiro pelos professores que estão recebendo através de uma equipe de técnica, orientações pedagógicas de inserção das leis nas disciplinas escolares, como explicou a implementadora, professora Luzia de Fátima. “O professor precisa conhecer e valorizar a ancestralidade desses povos e suas culturas, pois só assim será capaz de provocar nos alunos a consciência de que esses povos são tão importantes na história brasileira, quanto os descendentes dos colonizadores europeus”, enfatizou.

A determinação do secretário de educação de Queimados, professor Lenine Lemos, é que toda a comunidade escolar, que inclui as famílias dos alunos, recebam as palestras de reflexão sobre a importância da cultura africana e dos índios para o desenvolvimento cultural dos alunos. “O segundo momento será com os pais para em seguida tratar do assunto com os alunos. Entendemos que a família precisa participar de todo este projeto educativo para que não sejamos pegos de surpresa com atitudes de segregação racial”, enfatizou o secretário. Ainda segundo ele, essa dinâmica tem o objetivo de diminuir o preconceito racial. A oficina já passou pela maioria das escolas municipais.


Movimentos ligados ao negro aprovam a iniciativa

Ativista Cultural de movimento afro, Fabrícius Caravana e líder de uma casa umbandistatambém acredita que somente com a aplicação das Leis 10.639/03 e 11645/08 nas escolas, será possível diminuir a intolerância incentivada por discursos discriminatórios. “É preciso reconhecer a importância da história daqueles que aqui chegaram amarrados e que ajudaram a construir esta grande nação. Ao nos negarmos a implantar as leis estaremos querendo arrancar o que mais precioso os negros  deixaram para nós,  a nossa origem”, destacou.

Na Casa liderada por Fabrícius, a cultura afro é perpetuada através da dança, comida e principalmente religião. Os rituais africanos são realizados todas as segundas-feiras. Seguindo a orientação espiritual de seu avô Custódio de Souza Caravana, que neste ano completaria  150 anos, a casa realiza culto na linha da Umbanda africanista no Brasil. “O Brasil não comeria o que come, não rezaria o que reza, não dançaria nem cantaria como hoje canta, não fosse a riquíssima herança cultural trazida pelos 4,5 milhões de africanos  aqui escravizados. Essa cultura e memória precisa ser valorizada”, concluiu.


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